Estou já na última semana de gravidez. Posso estar sendo ingrata com tudo, mais por mais que eu tente, esse descontentamento insiste em me acompanhar. É um descontentamento burro. A vontade se restringe a voar para o mais alto e mais longe. A minha gravidez foi linda, sem complicações, graça as boas bençãos do céu e apenas aos céus me curvo, porque ao resto senti crueldade.
Logo chegará a única coisa que realmente vale a pena nessa minha vida mesquinha. Quero raptá-la. Fugir com ela para o infinito. Não quero ninguém por perto, a verdade é que não quero ninguém a tempos. Os dias vão se afinando e me vejo encurralada a sorrisos e boas vindas.
Ah, quem me dera estar em outro tempo. Tempo onde se via mais árvores do que olhares, mais flores do que carros, mais água do que cinza e prédios decadentes. Daria tudo para me perder em uma mata linda, e por lá ficar com minha pequena, contemplando o amanhecer e enchendo a alma de luz.
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